Agora que teremos um intervalo no que diz respeito à competição no snooker (recordo que no princípio de Junho teremos a acção de volta com o Jiangsu Classic), aproveitamos para recordar alguns dos principais momentos da época que acabou de terminar.

Um pouco à semelhança da época de 2007/08, em que Ronnie O'Sullivan se destacou, tivémos mais uma vez um jogador que se mostrou bastante superior à concorrência: John Higgins, sempre muito regular, venceu o Campeonato do Mundo e o Grand Prix, chegou à final do Open da China e ainda atingiu as meias finais do Northern Ireland Trophy e aos quartos de final do UK Championship; os seus piores resultados foram apenas as derrotas na segunda ronda do Shanghai Masters e Welsh Open. Apesar de não ter participado no Bahrain Championship, devido a compromissos com a Premier League, e de ter começado a época apenas no 13º lugar do ranking provisório, o escocês conseguiu subir para 4º no ranking oficial e está agora destacadíssimo na primeira posição do ranking provisório. Outros destaques vão para Ali Carter, que esteve muito bem até à sua vitória no Welsh Open (depois desse torneio a sua forma caiu muito e acabou por ter prestações muito infelizes nos dois últimos torneios da época), Ronnie O'Sullivan, que apesar de ter estado um pouco abaixo das espectativas, conseguiu estar bastante bem nesta temporada (destaque para um entrada do outro mundo de 76 pontos, no Northern Ireland Trophy, para muitos a melhor da época) e, também, Shaun Murphy, que começou muito mal a época (4 derrotas consecutivas na primeira ronda), mas que depois de vencer o segundo torneio mais importante da época, UK Championship, ganhou novo ímpeto e esteve em grande destaque no Campeonato do Mundo, onde atingiu a final; Murphy terminou a época em grande ao vencer a Grande Final da World Series e agora é um dos principais candidatos a ser o melhor na próxima época. Mark Selby foi uma das principais desilusões, pois esperava-se muito dele e o melhor que fez foi apenas as meias finais no Shanghai Masters; época muito irregular por parte do inglês, que no entanto, conseguiu uma excelente prestação no Campeonato do Mundo. Stephen Maguire também esteve bastante irregular. A nova geração do snooker mostrou-se em grande no Campeonato do Mundo, com grandes prestações de Mark Allen, Jamie Cope e Ding Junhui. Apesar de não ter sido regular e ter falhado a qualificação para vários torneios, Judd Trump mostrou por várias vezes o seu potencial, ao atingir as meias finais do Grand Prix e ao vencer o torneio de apuramento para o Masters e a Championship League. Ricky Walden foi a grande surpresa, ao vencer com todo o mérito o Shanghai Masters e está agora dentro do top 16 provisório. Quem está também provisoriamente no top 16 é o veteraníssimo Steve Davis, uma autêntica lenda do snooker, que aos 51 anos ainda conseguiu atingir dois quartos de final.

Northern Ireland Trophy - Ronnie O'Sullivan 9-3 Dave Harold

Shanghai Masters - Ricky Walden 10-8 Ronnie O'Sullivan



Grand Prix - John Higgins 9-7 Ryan Day

Bahrain Championship - Neil Robertson 9-7 Matthew Stevens

UK Championship - Shaun Murphy 10-9 Marco Fu

Welsh Open - Ali Carter 9-5 Joe Swail

China Open - Peter Ebdon 10-8 John Higgins

Campeonato do Mundo - John Higgins 18-9 Shaun Murphy

Esta época tivémos cinco tacadas máximas: 3 televisionadas e 2 em rondas pre-TV. A mais mediática foi sem dúvida a última, de Stephen Hendry, no Campeonato do Mundo, que permitiu ao escocês igualar Ronnie O'Sullivan no topo da lista dos jogadores com mais tacadas máximas em competição. Também a de Ding Junhui no UK Championship foi verdadeiramente soberba, em que o jovem chinês mostrou, mais uma vez, a sua fantástica construção de break. Jamie Cope conseguiu uma espectacular tacada de 147 pontos, bem ao seu estilo, no Shanghai Masters. As outras duas foram relacionadas com o Bahrain Championship: num encontro das qualificações, Liang Wenbo conseguiu uma exibição do outro mundo, em que fez 4 tacadas centenárias, incluindo essa tacada máxima e Marcus Campbell realizou uma na ronda dos wildcards deste torneio, já no Bahrain.

Para além dos torneios do ranking tivémos o Masters, a Premier League, o Jiangsu Classic, a World Series of Snooker e muitos outros torneios de menor calibre. Ronnie O'Sullivan venceu o Masters e a PLS, derrotando em ambas as ocasiões Mark Selby. Podemos dizer que estes dois jogadores foram os que mais se destcaram nos torneios por convite. No entanto, nos torneios para o ranking estiveram abaixo das espectativas.

A World Series of Snooker teve o seu início e parece ser um grande projecto, fundamental para a divulgação, aumento da popularidade do snooker e descoberta de novos talentos, em toda a Europa. Tivémos eventos melhores e outros menos bons, mas parece que a partir de agora as coisas só têm tido tendência para melhorar cada vez mais. Já há muito que faltava algo como a World Series para impulsionar a modalidade.

Ao longo da época houve diversos encontros em grande destaque e gostaríamos de salientar alguns. Certamente que não estão aqui incluídos muitos que o deveriam estar, mas aqueles de que mais me recordo são os seguintes:

No Shanghai Masters, Ronnie O'Sullivan e Mark Williams defrontaram-se num encontro dos quartos de final, onde tivémos grandes entradas e pouquíssimos erros. O'Sullivan acabou por vencer por 5-3.

A meia final do Grand Prix, entre Ryan Day e Ali Carter foi verdadeiramente soberba. Houve bolas do outro mundo, grandes entradas, batalhas tácticas e muita emoção, acabndo por ser Day a levar a melhor na "negra", após Carter ter recuperado de uma desvantagem de 2-5.

No UK Championship, Mark Williams esteve novamente em destaque: primeiro, ao derrotar Mark Selby num espectcular encontro, em que ambos os jogadores exibiram snooker de alto nível e, depois, nos quartos de final, onde perdeu para Ali Carter, na "negra", também com snooker de alta qualidade.

O encontro entre Stephen Maguire e Neil Robertson no Masters foi quase surreal de tão bom que foi. 5 tacadas centenárias consecutivas (3 de Maguire e 2 de Robertson) e o escocês a apresentar um sucesso nas bolas jogadas para o buraco superior a 95%; apesar de ter estado ao seu melhor, Robertson acabou por não ter hipóteses, pois Maguire simplesmente não falhava uma bola. A final do Masters foi também digna de registo, com Ronnie O'Sullivan a derrotar Mark Selby, num encontro muito emocionante e de grande qualidade.

No Welsh Open os principais destaques vão para Joe Swail 5-4 Stephen Maguire, nos quartos de final, e a meia final entre Ali Carter e Anthony Hamilton, que Carter venceu na "negra".

Finalmente, foi no Campeonato do Mundo em que houve mais encontros para recordar. Na segunda ronda destaques para as vitórias de Stephen Hendry, John Higgins e Mark Allen sobre Ding Junhui, Jamie Cope e Ronnie O'Sullivan, respectivamente; 3 encontros especatculares que mostram bem toda a qualidade que existe no snooker, com jogadores mais experientes e jovens talentos. Nos quartos de final, o encontro entre John Higgins e Mark Selby foi verdadeiramente notável; Selby começou de forma perfeita, estando com 100% de sucesso nas bolas para o buraco até ao final da terceira partida; Higgins respondeu muito bem, com grandes entradas; o encontro foi sempre muito equilibrado e de um nível elevadíssimo; Selby chegou a estar a vencer por 12-11, mas acabou por ser Higgins a levar a melhor, na "negra", logo à primeira oportunidade. Também a vitória de Shaun Murphy, frente a Stephen Hendry, por 13-11 foi soberba.

E assim foi mais uma época, mais uma vez com grande qualidade. Esperemos que a próxima traga mais do mesmo e, quem sabe, melhor ainda.