Tivémos, portanto, uma re-edição da final do ano passado, entre dois dos jogadores mais populares da actualidade. Ronnie O'Sullivan procurava, aqui, revalidar o título e ficar apenas a uma vitória de igualar o recorde de Stephen Hendry, nesta competição; no entanto, enfrentou um adversário inspiradíssimo, que se mostrou à altura do desafio. Se a final de 2009 (que O'Sullivan venceu por 10-8), fora um encontro de grande nível, a deste ano foi melhor ainda, um verdadeiro clássico...
Muitas vezes acontece que, na primeira sessão da final, os dois jogadores ainda não estão com todo o gás e, por isso, é natural que aconteçam alguns erros nesta parte inicial. No entanto, à expecção das duas primeiras partidas, a sessão da tarde foi soberba, com ambos os jogadores a exibirem um nível de jogo fantástico. O'Sullivan entrou com tudo, chegando mesmo ao 4-1, com tacadas de 86, 122 e 101, o que espelha bem a qualidade que o inglês estava a mostrar. Do outro lado, Selby cometeu alguns erros na fase inicial, que acabaram por custar muito caro; no entanto, respondeu muito bem e reduziu para 4-3, graças a breaks de 83 e 112. Selby poderia ainda ter feito o empate no último jogo da sessão, mas O'Sullivan acabou por restabelecer a sua vantagem de 2 jogos, com uma entrada de 54 pontos. Uma primeira parte fantástica, em que houve 5 jogos consecutivos a serem resolvidos numa entrada apenas.
Na segunda sessão, a fantástica qualidade manteve-se, sendo que até ao intervalo, os dois jogadores venceram 2 partidas para cada um (Selby com entradas de 58 e 136, enquanto que O'Sullivan realizou breaks de 92 e 49); relembro que no 12º jogo, Selby esteve muito perto de conseguir empatar a 6, mas vacilou um pouco e permitiu que o campeão em título restabelecesse a sua vantagem de 2 jogos. Nesta altura, Ronnie O'Sullivan mostrava-se favorito e este favoritismo aumentou ainda mais quando, após Mark Selby ter reduzido para 7-6, com uma entrada de 78 pontos, O'Sullivan venceu as duas partidas que se seguiram, de forma soberba, construindo tacadas de 89 e 91, sem que o seu adversário tivesse oportunidades. O inglês vencia, assim, por 9-6 e poucos esperariam que Selby tivesse, ainda, estofo para recuperar. Depois de um início atribulado, Mark Selby aproveitou para ganhar o 16º jogo, com um break de 62 pontos. A seguir, teve uma oportunidade na 17ª partida, mas as bolas encontravam-se em posições altamente desfavoráveis: para além de várias vermelhas se estarem a bloquear umas às outras, a preta e a rosa não se encontravam embolsáveis, sendo que havia apenas a azul e as outras bolas de cor, bem como algumas vermelhas libertas, para se construir a entrada. No entanto, Selby resolveu todos os problemas que lhe apareceram de forma excepcional, optando sempre pelas jogadas certas e, aos poucos, conseguiu tornar um jogo quase impossível, em algo relativamente acessível e acabando por chegar aos 109 pontos, sem dúvida uma das melhores tacadas do torneio, se não mesmo a melhor, devido à extrema dificuldade da mesma, bem como pela pressão do momento. Vinha aí o 18º jogo, que foi, sem dúvida, o mais emocionante desta grande final. Neste jogo, parecia que Mark Selby iria mesmo levar o encontro para a "negra", mas quando ia em 53, falhou uma vermelha ao longo da tabela. O'Sullivan tinha ainda jogo suficiente para vencer; primeiro, tentou pontuar, mas ao perder posição, acabou por fazer uma defesa brilhante, deixando Selby snooker entre os cantos do buraco da bola amarela. Depois, seguiram-se grandes defesas, bolas de enorme felicidade, grandes bolas e erros. O'Sullivan tinha já resolvido praticamente todos os problemas, sendo que precisava apenas de mais 3 bolas para garantir em definitivo a vitória. No entanto, falhou a amarela (de dificuldade média), mas, incrivelmente, deixou o seu adversário snooker; esta sorte inacreditável permitiu-lhe ter uma segunda oportunidade. Que drama! O "Rocket" acabou por falhar a verde e Mark Selby limpou a mesa, levando o encontro para o 19º e último jogo, o que era totalmente merecido, para um clássico como este. Veja a "negra", onde Selby acabou por triunfar, vencendo o Masters pela segunda vez e igualando John Higgins e Mark Williams, que têm, igualmente, 2 vitórias nesta prova...
Ronnie O'Sullivan 9 - 10 Mark Selby 35(35)-81, 90(56)-34(30), 86(86)-7, 122(122)-0, 101(101)-4, 0-83(83), 0-112(112), 74(54)-33(33), 0-117(54,58), 114(92)-8, 0-136(136), 74(49)-41(37), 0-78(78), 137(41,89)-0, 91(91)-3, 25-92(62), 8-109(109), 67-78, 0-65(27,37)
O PokerStars.com Masters 2010 foi, portanto, o primeiro grande torneio do ano, o primeiro de uma nova década e, ainda, o primeiro da era de Barry Hearn. Apesar de alguns encontros menos bons, assistímos a diversos encontros notáveis, com grande destaque para Murphy vs Hendry, O'Sullivan vs Robertson, Williams vs Murphy, Selby vs Allen, O'Sullivan vs Williams e, por fim, o melhor de todos, a grande final. Já na próxima semana começa a primeira prova pontuável para o ranking do ano, o Welsh Open, a 25 de Janeiro...
O PokerStars.com Masters 2010 foi, portanto, o primeiro grande torneio do ano, o primeiro de uma nova década e, ainda, o primeiro da era de Barry Hearn. Apesar de alguns encontros menos bons, assistímos a diversos encontros notáveis, com grande destaque para Murphy vs Hendry, O'Sullivan vs Robertson, Williams vs Murphy, Selby vs Allen, O'Sullivan vs Williams e, por fim, o melhor de todos, a grande final. Já na próxima semana começa a primeira prova pontuável para o ranking do ano, o Welsh Open, a 25 de Janeiro...
2 comentários:
Apenas uma pequena correcção: dizes que o Welsh Open começa no dia 25 de Fevereiro, mas, como sabes, começa no dia 25 de Janeiro; um lapso de escrita normalíssimo. De resto, foi sem dúvida um grande torneio, com excelentes jogos e uma final bastante dramática, de uma qualidade de ambos os jogadores excepcional.
Obrigado pelo reparo. Já está corrigido. Como estou habituado a que o Welsh Open seja em Fevereiro e estava a escrever depressa...:D
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