Esta é talvez a categoria mais importante dos Snoóscares e a decisão, este ano, foi bastante complicada. Os candidatos a melhor jogador de 2010 são Mark Williams, John Higgins, Mark Selby e Neil Robertson. Depois de algum debate de ideias, na nossa opinião, o melhor jogador do ano foi...

A decisão foi entre John Higgins e Neil Robertson. Ambos mereciam claramente vencer esta categoria, mas por tudo o que se passou com o escocês John Higgins, este acabou por merecer o título de "melhor jogador do ano".

Higgins começou o ano da pior forma, perdendo na primeira ronda do Masters frente a Mark Allen, apresentando-se em Londres com uma forma irreconhecível. Contudo, no primeiro torneio pontuável para o ranking mundial de 2010, o Welsh Open, Higgins regressou numa forma simplesmente soberbo apresentando um jogo sólido e fluente. Derrotou Graeme Dott, Mark Selby, Ronnie O'Sullivan e Ali Carter para vencer o 21º título da sua carreira em grande estilo. Nesta altura parecia que o escocês era praticamente imbatível, mas viria a perder na segunda ronda do Open da China frente a Mark Williams e surpreendentemente perdeu contra o seu ídolo, Steve Davis, também na segunda ronda do torneio mais importante da época, o Campeonato do Mundo, onde se esperava muito mais do escocês.

Poucos dias depois desta derrota inesperada John Higgins foi notícia em todo o mundo, mas não pelas melhores razões. O jornal "News of the World" afirmou que Higgins aceitou dinheiro para perder partidas, publicando também vídeos da operação realizada. Depois de muitos meses de sofrimento o veredicto de um tribunal independente retirou as acusações de alegada corrupção, culpando o escocês apenas por não ter comunicado o sucedido à World Snooker, colocando em jogo a credibilidade do desporto. Higgins foi multado e suspenso por 6 meses.

O seu regresso era muito esperado e muitos pensavam que Higgins nunca mais voltaria ao nível a que nos habituara, mas o três vezes campeão do mundo provou que regressou para vencer e convencer. Higgins voltou determinado e em grande forma e venceu mesmo no seu primeiro torneio depois da suspensão, o EPTC 5, na Alemanha, depois de ter estado mais de cinco meses sem treinar. Uma vitória brilhante seguida de mais uma fantástica prestação no EPTC 6, em Praga, onde chegou à final, perdendo para Michael Holt.

Contudo, todos estavam à espera para ver como se iria aguentar John Higgins frente às câmaras, num torneio com muito mais importância e a grande prova seria o UK Championship. Higgins começou o torneio frente a Stephen Lee, num encontro de enorme qualidade e nas duas primeiras partidas realizou duas tacadas centenárias. Derrotou Lee, Dott, Maguire e Allen para alcançar a final onde tinha pela frente outro jogador em grande forma no ano de 2010, Mark Williams. Dois jogadores que se conhecem muito bem, duas "lendas vivas" do snooker, que proporcionaram um encontro extraordinário, onde não faltou o drama que tanto caracteriza este desporto. Higgins realizou uma grande recuperação, mostrando o seu forte carácter e espírito competitivo. Acabou por vencer na "negra" e dedicou este título ao seu pai, que sofre de uma doença terminal. Emocionado celebrou a vitória, que descreve como o melhor momento da sua carreira. Recuperou a primeira posição do ranking mundial e provou ser o melhor jogador da actualidade. Por tudo o que passou, pela forma como regressou e pela qualidade que demonstrou na mesa merece ser realmente o jogador do ano.

No entanto, é preciso destacar Neil Robertson que teve o melhor ano da sua carreira e juntamente com Higgins merecia também ser o jogador de 2010. Com más prestações nos três primeiros do ano, chegou ao Campeonato do Mundo no Crucible Theatre determinado e em grande forma para alcançar o título mais desejado. Demonstrou que também consegue vencer sob pressão e fazer grandes recuperações como foi o caso no encontro frente a Martin Gould, na segunda ronda, onde chegou a estar a perder por 11-5, vindo a vencer notavelmente por 13-12. Acabaria por chegar à final do Campeonato do Mundo, onde derrotou um jogador fortíssimo mentalmente, Graeme Dott, tornando-se no primeiro australiano a realizar tal feito. Esta vitória significou muito para Robertson e para o snooker, mas será que Robertson conseguiria continuar com o mesmo espírito de vitória? Robertson respondeu com uma soberba vitória no World Open, onde esteve praticamente perfeito ao longo de toda a prova, derrotando na final sem grandes dificuldades, Ronnie O'Sullivan, mostrando o quão avassalador pode ser quando está na sua melhor forma.

Mark Williams foi outro jogador em grande forma neste ano, vencendo o Open da China e chegando às fases adiantadas em quase todos os torneios, regressando ao top 3 mundial que faz juz à sua grande qualidade. Mark Selby teve também um bom ano, vencendo desde logo o Masters no inicio de 2010, numa final emocionante.

John Higgins e Neil Robertson foram, contudo, as duas principais figuras dos últimos meses, seguidos de Mark Williams e depois Mark Selby. Higgins vence assim esta categoria por dois anos consecutivos. Quem será o melhor em 2011?